quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Saiba todos os segredos do amuleto de Felipão no Palmeiras


Em todos os seus grandes trabalhos, Felipão tinha um amuleto por perto. Normalmente, um jogador jovem de quem extraía mais do que se podia esperar. Foi assim que o indomável Arílson, no Grêmio, fez estragos com sua perna esquerda. Kléberson arrancou como grande revelação do pentacampeonato mundial e Alex, no Palmeiras, deixou para trás a fama de jogador indolente. Em seu retorno ao Palestra Itália, Scolari já escolheu seu novo amuleto.
Luiz Otávio Santos de Araújo, mais conhecido como Tinga, é franco candidato a seguir essa história na Copa Sul-Americana, pela qual o Palmeiras enfrenta o Atlético-MG, nesta quarta-feira, no Pacaembu às 22h (de Brasília), atrás de um lugar na semifinal.
Depois de ferver durante quase três anos no caldeirão de pressão chamado Moisés Lucarelli, ele chegou mais do que calejado para a pressão palestrina e já vem colocando as asas de fora. "É como dizem: quem joga na Ponte Preta, joga em qualquer time grande", define o híbrido de 20 anos que marca como volante, passa como meia e dribla como ponteiro.
Nesta em entrevista exclusiva concedida ao Terra, Tinga conta detalhes interessantes sobre a trajetória do Palmeiras com Felipão. A palestra que precedeu a incrível virada sobre o Vitória ainda no início da Copa Sul-Americana, as sessões intermináveis de finalizações com o auxiliar Murtosa, a forte admiração pelo "inteligente Edinho" e a espécie de proposta que já recebeu de Rogério Ceni, entre outros "segredos". Confira:
O que há de diferente para o Palmeiras na Sul-Americana
"O pessoal está bem focado sobre fazer um grande jogo contra o Atlético-MG. A Sul-Americana é prioridade porque é nosso caminho para chegar na Libertadores, por isso encaramos cada jogo como uma final. É como o último dia de nossa vida, como um prato de comida para os filhos e a família. É a única chance que temos. Contra o Vitória, o grupo se formou, foi onde nos juntamos de verdade"
O Palmeiras havia definido a Sul-Americana como prioridade do semestre, mas estreou com derrota por 2 a 0 para o Vitória. No Pacaembu, dois gols de Tadeu e uma cobrança de falta preciosa de Marcos Assunção, já perto do fim, selaram a incrível virada "felipônica". O jogo entrou para a galeria de façanhas do treinador no Palestra Itália.
A preleção de Felipão contra o Vitória
"Ele citou que estávamos sendo esculachados e humilhados por certas pessoas. Contou bastante sobre a história dele e tudo que passou para chegar até aqui. Vimos a luta, a dedicação dele, e aquilo foi entrando na gente. Falou de sofrimento, de objetivos, de metas. O Felipão também citou a importância das pessoas, lembrou de coisas maiores, da torcida. Ele lembrou que além da chance da Libertadores, também havia a Recopa, e que o grande atleta aparece nessas horas. Aquilo nos deu muita força. Como dizem, acho que somos hoje a Família Scolari"
Esse foi apenas o quarto jogo de Tinga como titular no Palmeiras. A equipe ainda não tinha Valdivia. Kléber e Lincoln estavam lesionados. Foi uma vitória na base da raça.
O vestibular de pressão com a Ponte e a chegada ao Palmeiras
"Eu era muito novo (quando foi promovido, em 2008, aos 18 anos) e as coisas foram sempre rápidas. Algumas coisas atrapalhavam e também houve a história do Mundial Sub-20, que me deixou muito triste. Saí do time sem saber o porquê, mas agradeço o que a Ponte fez por mim e sempre vou me lembrar. Acho que aprendi muitas coisas e é como o pessoal fala: quem joga na Ponte Preta joga em qualquer time grande. Não sei se demorei a sair, mas se saísse antes não teria a experiência para chegar e jogar bem"
Tinga surgiu para os profissionais após o vice-campeonato paulista de 2008. Vários jogadores importantes, como Elias e Renato Cajá, haviam sido negociados e recaiu nos ombros do garoto a responsabilidade de manter o padrão da equipe, o que não aconteceu. No ano seguinte, ele estava cotado para jogar o Mundial Sub-20, mas foi sacado da equipe a pedido da direção da Ponte. Ficou de fora da Seleção, mas retornou e virou referência do time, o que fazia dele sempre um dos mais cobrados pela temperamental torcida pontepretana.
Os treinos com Murtosa e as cobranças de Felipão
"O Murtosa é uma pessoa muito chegada ao grupo. Conversa, brinca, deixa todos à vontade. Com ele, todos treinam finalização para aperfeiçoar e eu sei que preciso melhorar o chute. Quando marquei contra o Goiás, ele até brincou comigo e disse que os treinos estavam dando certo. E foi com o pé esquerdo, que é o fraco. O Felipão cobra para eu chegar no ataque, porque sou novo e tenho força para marcar e chegar na frente. Me dá liberdade, pede para ir para cima mesmo e chutar"
Diante do Goiás, Tinga fez belo gol, da entrada da área, chutando de esquerda, seu pé mais fraco. O Palmeiras venceu por 3 a 2.
O amigo Rogério Ceni
"Ele falou que eu era bom jogador, com futuro, perguntou minha idade e até quando ia meu contrato. Fiquei honrado demais"
Os elogios de Ceni foram após o encontro entre São Paulo e Ponte Preta no último Paulista. O clube do Morumbi, assim como Santos e Cruzeiro, fizeram investidas para ter o jogador, que acabou no Palmeiras graças à melhor relação atual do Grupo Sonda, dono de seus direitos, com o clube do Palestra Itália.
Edinho, o grande líder
"Nossos líderes são o Marcão (goleiro), o Danilo, o Edinho. Esse é um cara que já falei e admiro muito. Tem um espírito muito bom. Sabe apoiar, sabe cobrar, é muito inteligente em campo. Isso me ajuda. O próprio Felipão fala também que é o xerife e que temos mais de um capitão em campo. Admiro muito o Pierre, pelo que representa no clube, o Kléber e o Valdivia que todos também ouvem"

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